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Mostrando postagens de junho, 2008

O Original significado da Dançaterapia

No Ano Passado, em janeiro de 2007, quando pela primeira vez eu tive a oportunidade de entrar em contato com a dançaterapia, fiquei extremamente tocada pelas palavras escritas nos livros que li de Maria Fux. Tão tocada, que minhas mãos quiseram continuar dedilhando suas palavras, nos vários textos que escrevi baseados nas belas e vívidas histórias dessa mulher forte, original, inspiradora, dançaterapeuta. Em março daquele mesmo ano, pude tocar as palavras de uma outra maneira... em vez de lê-las, vi, ouvi, senti e dancei-as com todas as minhas amarras, umas ainda presas, outras se soltando lentamente a cada encontro, vivência, toque, movimento realizado e não realizado, ao longo dos primeiros cinco módulos da formação em dançaterapia, oferecido por também uma pessoa intensa, leve, encantadora, dançaterapeuta, Pio Campo. A Dançaterapia é um método nascido da própria experiência de vida, dança e humanidade que a argentina Maria Fux, há mais de meio século, dança e ensina, semeando sua pr

O que tem Adriana?

UM GRANDE AMOR PELA MÚSICA Certa vez, chegou ao estúdio o pai de uma menina de uns quinze anos, cabisbaixa e quieta. O pai queria saber se a filha poderia participar dos encontros de dança, pois a menina tinha isso e aquilo... e Maria Fux o interrompeu dizendo que a trouxesse duas vezes por semana ao grupo de adolescentes. “Tenho como norma evitar que os pais me informem desde o começo qual é a doença de suas crianças – o que poderia influir no meu comportamento – porque eu sempre as aceito, desde esse primeiro momento meu, encontro com elas.” (Maria fux, Dançaterapia, 1982) Adriana era o nome da menina, que parecia ausente, de corpo distônico e sem controle, sempre estático. Nas primeiras aulas, era como se ela não estivesse lá, exceto em algumas músicas, que o seu formoso rosto, ecoava diferentemente e se fazia acanhadamente presente. Percebido isso, Maria Fux, buscava sempre novas músicas e as usou como ponto de encontro com Adriana. E elas se encontraram na música. Adriana encontro

Danças de Martita

A Transformação de uma Alma Consumida pelo Ódio, Na Pele de uma Menina Consumida, Queimada pelo Fogo Quando eu comecei a escrever esse texto, encontrava-me ao ar livre, debaixo de árvores muito grandes, grossas, cheias de galhos e folhas que, naquele palco natural, pareciam dançar para mim, como se estivessem soprando nos meus ouvidos alguma ternura... de repente, o vento se fez presente, em sua força, esbravejou colérico, raivoso, feroz, empurrando as folhas das árvores e do meu caderno. Precisei me movimentar e sair para um lugar mais aconchegante. Continuei observado a natureza... algum tempo depois aquele vento arrebatador foi abrandado com uma torrente de chuva... e mais um pouco depois, a dança da natureza se fez completa: um arco-íris apareceu. É essa, uma outra história vivenciada por Maria Fux. Havia uma menina linda a quem ela dava aula. Havia uma outra menina, irmã da menina linda, que só assistia a aula da irmã. Maria Fux sentia aquele vento colérico, represado nos olhos e

Danças para Letícia.

Maria Fux, bailarina Argentina, estava fazendo mais um espetáculo, e como de costume no final, recebia crianças que queria lhe falar, lhe tocar, como se precisassem fazer isso, para constatarem que aquela formosa bailarina era uma mulher de verdade. Mas, naquela noite, apareceu à Maria fux, uma linda menina de uns quatro anos, de olhos negros e de tão negros, absorveram os olhos da bailarina. Ao mesmo tempo que a menina a olhava com atenção e curiosidade, deixava transparecer um medo em sua escuridão, em seus olhos negros. - “Ela está doente?” Perguntou Maria Fux. - “É surda de nascença” Respondeu a mãe da menina. Maria Fux ficou muito tocada com aquelas palavras e aqueles olhos e, convidou-as para ir a sua casa, com a intenção de ajudar a menina a dançar, quem sabe se expressar através do corpo. Os pais muito feridos reafirmavam que a menina era surda. Maria Fux, repleta de um muda fé, ou uma muda de fé, com amor, vontade e intuição, acreditou e fez! Durante seis meses dançou no silên

Mães com suas filhas, Dançando Juntas!

Ano após ano, Maria Fux escutou das mães que levavam suas filhas as aulas de dança, elogios e comentários como: “Essas aulas me fazem tão bem!” ou “Depois dessa hora de aula tenho outro ânimo e me sinto melhor”. Então, convidou essas mães para participarem com suas filhas da aula e formou um grupo de 10 meninas entre 10 e 15 anos e aquelas mulheres, nomeando o grupo de “mães com suas filhas dançando na mesma aula”. No início, as mulheres ficaram retraídas em companhia de suas filhas adolescentes, até porque, começavam a perceber que também tinham problemas marcados em seus próprios corpos adormecidos e rígidos. Com a ajuda espontânea das filhas que riam a todo tempo, as mães gradativamente foram relaxando e se descontraindo. Maria Fux, usando diferentes músicas, pediu ao grupo que, vagarosamente, mexessem seus pés, depois os encostassem nos pés da pessoa ao lado; pediu para que mexessem as mãos e as tocasse nas mãos da pessoa ao lado; repetiram o movimento dos pés e das mãos de olhos f

A Dança das Mãos. Os olhos que não podem ver.

Maria Fux, certa vez, foi convidada para dar um curso de apenas cinco dias, para cinqüenta pessoas: médicos, psicólogos, assistentes sociais, copistas de Braille, todos profissionais do Serviço Nacional de Reabilitação e Capacitação do Cego, em Buenos Aires. Alguns eram inclusive cegos, mas nenhum tinha experiência corporal. A porta de entrada para o trabalho com os cegos parecia mais clara, afinal a música eles poderiam escutar. Não caberia com eles, o trabalho com imagens, formas, linhas e cores, mas com os sons, bastaria colocar a música e deixar que espontaneamente o corpo deles criasse movimentos. Para quem enxerga essa poderia ser uma solução fácil: fecham-se os olhos e abram-se os ouvidos! Quem vê com os olhos, quando adentra um local, tem a memória espacial, mesmo que feche os olhos depois, pois cria uma noção do espaço e, escolhe pontos de referência, com objetivo de assegurar-se de onde está. É muito diferente quando se é cego, o som não é suficiente para lhe dar a segurança

Drenagem da Raiva

Quantas vezes eu me perguntei e perguntei aos outros: “O que fazer com a raiva?” Desde muito pequena, aprendi que a raiva era um sentimento feio e que não podia existir. Mas ela sempre existiu em mim e nos outros, porque eu também as sentia num toque mais áspero, num rosnar silencioso de um momento mal humorado, no silêncio amargo da solidão, e até no mastigar, no devorar um chocolate meio-amargo. Cresci aprendendo que a raiva tem raiva e muita raiva, porque todos insistem que ela não existe, e daí como o fogo em combustão ela se auto-alimenta e queima, queima por dentro até não agüentar mais e explodir, queimando tudo por fora também. Mas a raiva é persistente, dentro ou fora, ela insiste até que a vejam. Às vezes, a raiva briga com gritos e violência, seja ela física ou psíquica, semelhante a um monte de lenhas colocadas na lareira para pegar mais ainda fogo; Outras vezes, a raiva insegura, rosna baixinho, faz intrigas, ressentida, fica lá junto a algumas cinzas, queimando quase esco

Dança de Casal

Um Encontro Entre O Homem E A Mulher Que Existem Em Nós Quem já não viu um belo e sedutor show de tango, um casal dançando um samba de gafieira sensual e fogoso, um romântico bolero a dois, ou um orgulhoso pai dançando com sua pueril filha em seus quinze anos uma clássica e suave valsa? Quem já não dançou um tango, um samba, um bolero, uma valsa a dois? Não é lindo ver e sentir os corpos rodando pelo salão, como se fossem espíritos levitando pelo ar, graciosos, leves, esvoaçantes, como duas asas de uma mesma borboleta? São dois dançando juntos, como se nada no mundo importasse, a não ser um para o outro, a música e os passos. Passos bem sentidos, discernidos, aceitos, trocados, conhecidos, pois ambos conhecem os seus papéis. Os papéis daquele que dança enquanto homem são de guiar com segurança, indicando os caminhos com as próprias mãos; de apoiar o peso dos corpos e do movimento em seus joelhos e pés, pois os têm flexíveis, porém firmes; e de se conectar com o ritmo da música. Os papé

A Textura da Ternura

Ternura, qualidade de quem é terno; meiguice, carinho, afeto brando... Textura, tecido, trama, contextura... Ternura, esquecida, escondida, pouco tramada, pouco tecida. As crianças e as vovós a tecem com mais freqüência, mas quantos consideram-na sinal de fraqueza? Quantos de nós estamos endurecidos, feridos e protegidos. Fazendo-nos distantes, “engrossamos” a textura de nossas peles, para que não nos troquem, para que não nos toquem, e vestimo-nos de ternos pouco ternos, de tecidos de ferro, de armaduras, de armas duras... e nelas nos aprisionamos, não nos tocamos e não tocamos. Quanta ternura há em seu coração? Quanta ternura há em suas mãos? Quantos de nós guardamos nossa ternura em nossos corações, porque ela escorrega entre nossas mãos? “Temos medo de senti-la. O adulto principalmente. Como conseguir que ela seja avaliada? Pensei que, se enchêssemos bexigas coloridas, não muito pequenas, poderíamos fazer uso delas por sua textura; como se nós, ao acaricia-las, pudéssemos confiar-l