- Juli, come tudo minha querida. - Mas Pai, eu não gosto de abobrinha... resmunga a menina. - Deixa é de falar abobrinha, Juli. A gente tem que comer de tudo - Até do que a gente não gosta? indaga a Juli. - Até! Responde o pai engrossando o tom da voz. - Então Pai, a gente tem que comer tudo, tudinho, até do que a gente não gosta? Confirma a menina, num ar pensativo de quem está a elaborar algo bem importante... - É. Eu já disse! Para de enrolar e coma! A menina se cala por uns instantes. Mas sabe como é criança de seis anos, às vezes curiosa, inquieta, às vezes audaciosa, e vem a última de Juli: - Ô Pai, se é assim, que a gente tem que comer de tudo, porque você não come pequi, mesmo não gostando? Pergunta a menina, com certo jogo de cintura, com certo medo de receber uma bronca, no entanto, com a certeza de existir algo incoerente na imposição do pai. O pai não respondeu nada, porque não há o que responder, só admitir que ou ela está certa e assim, ele terá que passar a comer pequi;