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Mostrando postagens de março, 2021
Sexta-feira, dia 26 de março de 2021, O relógio apontava para 1h30 da madrugada. Não acreditei que meu cérebro tinha sido despertado pela ansiedade do que estaria por acontecer dali a mais ou menos 14 horas. Voltei a dormir com certa dificuldade e acordei as 5h30 da manhã como de costume. Havia um não descanso em mim. Mas levantei e fui fazer o que que tinha que fazer. E depois fui atender meus pacientes. Acabei o trabalho as 12h e fui almoçar. Algo leve, porque a tarde poderia ser mais extensa do que eu desejasse..., mas estava valendo, porque nesse jogo, já me sentia perto da "chegada" da primeira rodada. Acontece que é um jogo de verdade, com resultados, para quem perde, muito fatais. A Pandemia, mata sim, e não sabemos quais as verdadeiras regras do jogo. Antes só os idosos estavam perdendo (e seus familiares), hoje, meados do segundo ano pandêmico, jovens e crianças estão morrendo também. Nessa semana, no meu consultório, três pacientes se despediram de entes queridos.

AvoTernIdade

Foto: Fernanda Matos Ao ver essa foto e seus escritos, os Avós apertam seus olhos, porque a vista já ficou cansada... mas isso não os impede de apertarem seus netos, porque os avós não se cansam de amar. Os avós são doces, ou deveriam ser, e, ofertam doces para os netinhos, para o desespero dos seus filhos. Esses mesmos filhos, agora pais, que esqueceram que quando crianças e, aproveitando o auge de serem netos, amavam burlar as regras dos pais, indo para casa dos avós, sendo paparicados e, podendo escolher as guloseimas a comer. Quando eu construi essa fotografia acima, cada palavra aconchegada em cada ruga, traz na passagem do tempo, a memória de pessoas adultas que indaguei sobre as palavras que vinham em suas mentes ao me ouvir falar: Avós. Teve uma pessoa que me perguntou: - A voz? Eu respondi: -Quase... mas não, quero dizer mesmo “Avós”. Adorei o trocadilho e refleti sobre ele: Avós e A voz. A voz dos Avós... Ancestralidade e a nossa voz. Sim Avós e bisavós pert

A PsicoFotografia como Suporte do LUTO

Fotografar parentes e amigos depois de mortos pode parecer um tanto mórbido nos dias de hoje, no entanto, nem tão pouco, originalmente, era. A intenção sempre esteve relacionada ao processo de vivência do luto. Existem bem menos fotógrafos na atualidade oferecendo esse serviço, que ainda se faz necessário, como no caso de natimortos (inclusive de maneira tão sensível e linda). A proposta da PsicoFotografia se diferencia da fotografia mortuária, na imagem a ser retratada. Não é a do morto em específico. Mas do que dói em si mesmo, diante da morte. Aceitando o desafio de expressar em imagens conscientemente preparadas para contar, escrever com luz, sombra e formas, a vertigem, a indignação, a injustiça, a saudade, a vontade de morrer, a raiva, o medo, a tristeza, o vazio, a ausência do tempo futuro, a ausência do corpo do falecido... a PsicoFotografia propõe uma dobradura no tempo, na dimensão das memórias e dos sentimentos, na tradução do invisível e do indizível. Como diz o filósofo

Eu Era Só Uma Menina...

Foi um trabalho desenvolvido em 2020, em Brasília, diante do isolamento social, devido a pandemia do covid-19.  Recolhida em casa, sozinha, trabalhando com atendimentos psicoterápicos online, inclusive alguns de emergência, um tema levantado entre algumas pacientes, foi a violência sexual que sofrera na infância. Ao longo dos meus 18 anos de consultório, posso aferir que em torno de 80% das mulheres que atendi, sofreram alguma espécie de abuso infantil.  Esse trabalho fotográfico consta de um simbiótico tríptico, porque colo duas séries de imagens diferentes e escrevo algumas frases: o autoretrato do meu isolamento, as fotografias de orquídeas que também passei a criar e ter como companhia na pandemia (além de serem flores que me remetem a genitália feminina) e as frases retiradas das consultas comuns às mulheres vítimas de violência. Fernanda Matos