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Sexta-feira, dia 26 de março de 2021,

O relógio apontava para 1h30 da madrugada. Não acreditei que meu cérebro tinha sido despertado pela ansiedade do que estaria por acontecer dali a mais ou menos 14 horas. Voltei a dormir com certa dificuldade e acordei as 5h30 da manhã como de costume. Havia um não descanso em mim. Mas levantei e fui fazer o que que tinha que fazer. E depois fui atender meus pacientes. Acabei o trabalho as 12h e fui almoçar. Algo leve, porque a tarde poderia ser mais extensa do que eu desejasse..., mas estava valendo, porque nesse jogo, já me sentia perto da "chegada" da primeira rodada.

Acontece que é um jogo de verdade, com resultados, para quem perde, muito fatais. A Pandemia, mata sim, e não sabemos quais as verdadeiras regras do jogo. Antes só os idosos estavam perdendo (e seus familiares), hoje, meados do segundo ano pandêmico, jovens e crianças estão morrendo também.

Nessa semana, no meu consultório, três pacientes se despediram de entes queridos. O cerco do covid aumentou. 

Um pena que a maior parte dos brasileiros, use do argumento de seguir uma liderança inconsequente, ou melhor, uma liderança que tenha feito apostas no lugar errado, como a imunização de massa. Um líder influencia sim, é claro. Mas a consciência humana não pertenceria a cada indivíduo, acima de tudo? ou a maioria é realmente um rebanho que segue o "pastor", sem pensar, sem escolher, sem observar o próprio bem, e o bem de quem está ao redor?

É claro que entendo as mentes que têm "formiga no corpo", e inclusive sei do mal mental que pode fazer pará-las em casa... Mas não estamos falando de aprisionamento. Estamos falando de não aglomeração! Estamos falando que para aqueles que conseguem ficar criativamente em casa, desfrutem da possibilidade de se recolherem e avaliarem suas vidas, e até intensificarem as suas boas escolhas... E estamos falando de pessoas agitadas que podem direcionar as suas energias para construção de si, com movimentos diferenciados. Quantas pessoas conseguiram criar horários alternativos para correr? Quantas pessoas foram para natureza andar de bike? Quantas pessoas criaram trajetos diferentes para evitar o contato social que está matando de verdade...

Por que então outras pessoas continuaram nas baladas? Nas viagens?  Na rua? Por que nem as máscaras usam? 

Negam a gravidade da doença e da contaminação?
Acham sensacionalismo da imprensa?
Acham que se pegar a doença, depois, estarão imunes?
Acreditam na imunização de rebanho?
Se acham intocáveis?
Não ligam se morrerem?
Não ligam para os que morrem?

Não são conhecidos todos os detalhes e regras desse maldito jogo!

Há sim, aqueles que não tem alternativa e precisam trabalhar e precisam vender e precisam manter seus negócios abertos... ah sim os que não tem escolhas diante do trabalho que coloca o pão na mesa. Mas não estamos falando de trabalho, certo? Não. Falamos de baladas...

Entendo que as baladas e o entreterimento é também fonte de emprego e de ganha pão para alguns... No entanto, quantos que trabalham com eventos, abraçaram a causa e criaram alternativas, e, passaram até a ganhar mais dinheiro com a nova forma de fazer negócio?... não foi fácil para essas pessoas superarem seus desafios e se reinventarem não! E elas conseguiram!

Não estou falando da diversão da classe de artistas que podem se sustentar e se recolher, porque estão num lugar de privilegiados. Estou falando de gente do povo que se reinventou. Do pipoqueiro que ia para escola vender aquela pipoquinha depois da aula e que passou a vender para entrega em casa.

Sim é muito difícil e não é um caminho para todos não. E por isso a ajuda do governo em subsidiar as pessoas que precisam de verdade é fundamental... Mas o de verdade não há. Porque até nisso teve gente corrompendo e falsificando realidades.

Sei que é tão triste e sufocante pensar nas pessoas que estão sem oxigênio e sem UTI... e é tão triste, revoltante, desesperador, ver o roubo metafórico de oxigênio, que não só o governo, mas também a população que não se humaniza, executa aos seus vizinhos e parentes.

Ainda estamos passando os momentos ruins de tudo isso e repletos de consequências que perdurarão uma década. A economia, a saúde geral, a saúde mental..

E é porque atendo todos os dias (sim estou atendendo sábado e domingo também), que aceitei com muita gratidão o que aconteceu na sexta dia 26 de março as 15h: FUI VACINADA!

A psicologia, uma das áreas de cuidados da saúde, tanto tempo renegada e considerada apenas para os loucos, está tendo o seu reconhecimento finalmente. É claro, que meu lado humano não deseja uma catástrofe dessas para que a minha profissão seja validada mundialmente, mas ainda bem que nos formamos para cuidar das emoções e dos traumas que vêm nas calamidades humanas.

Eu mãe, trocaria o meu braço, pelo braço do meu filho, por essa proteção. Eu filha trocaria pela proteção dos meus pais, que ainda bem, já conseguiram ser vacinados. Mas eu dei o meu braço com muito gosto, alívio e gratidão. Mesmo que com um pouquinho de "culpa" coletiva..., se a minha missão no planeta terra, uma delas, é cuidar da psique do outro, a minha cabeça precisa estar o mais sadia possível, e por isso, busco ainda (na minha própria terapia), a leveza necessária para realmente aceitar o presente de ser vacinada. Sim, é um presente, que outros tantos cientistas, dentro de todas as circunstâncias e limitações de tempo, criaram como solução: VACINA SIM!

#vacinajá
#vacinaparatodos
#soufelizdeserpsicóloga

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