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Mostrando postagens de abril, 2012

Pangaré-Rei

De Todos Que Andei Só Você Persistiu Seu Sangue Vagabundo Desprezado Pelo Mundo Sobrevive-me De Todos Que Trotei Só Você Insistiu Seu Querer Insaciável Tatuado Pelo Corpo Pulsa-me De Todos Que Galopei Só Você Pediu Seu Cavalgar Rápido Lento Pelos Matos Seduz-me De Todos Que Amei Você Pangaré É Rei! Fernanda Matos Exercício de Poesia no 5 - 30/04/2012

Sussurros aos Ventos: liberdade!

             No reino dos Ventos, a ordem era voar e soar! Não importava o tamanho, a forma, as cores, os sons, todos tinham uma característica que os uniam: Liberdade. Cada grupo, com suas especificidades, confirmava ao mundo que a estabilidade é uma ilusão e a mudança, uma necessidade. Nenhuma nuvem no céu fica parada. Nenhum balanço de folhas de árvores ou d’água ou das labaredas do fogo é igual. Tudo muda, simplesmente.             Naquele contexto da história do reino, em que tudo estava mudando mais uma vez, dois grupos se destacaram entre os demais, pela guerra que estariam prestes a empunhar: o grupo das Águias e o Grupo das Corujas. Apesar de parecidos, por serem aves de rapina, possuem hábitos marcadamente diferentes. Enquanto o primeiro tem o sol como regente, o segundo grupo é energizado pelo luar.             Poderia ter sido um grande espanto para a sociedade ”aérea”, quando souberam da guerra a estourar, se não fosse um infeliz, tímido e quase individual mot

Choro de Criança

Foto: contosdiarios.com.br Passos fortes. Relinchos. Cascos fortes, de um cavalo. Grito, de uma menina. Relinchos. Estalos, de uma porta de ferro... Um cavalo assustado, escoiceando, assustando uma menina, assustando outras crianças, outras pessoas. Estou assustada, numa baia vazia entro e me fecho, lembro-me da minha queda. Os passos fortes do cavalo mostram sua força, relinchos. E a menina, ainda em cima do cavalo, mostra a sua força, gritos. Mais barulhos, outros relincham, outros gritam. A porta grita, estala nas costas da menina, que grita mais forte, porque cai, sentada, batendo na porta, ainda segurando a rédea de um cavalo que fez que caiu, ou sentou e levantou rápido, quase que para acomodar a menina no chão. O Cavalo foge, alguém o pega. A menina assustada fica, a professora corre em sua direção, outra aluna adulta se aproxima e eu, outra aluna adulta, que já caiu do cavalo, chego perto. A menina está se levantando sozinha. A professora diz: - Calma. Não chore. Acalme-se. Ond

Liberdade

Até podes prender Meus pés, Meus pulsos, Meu pescoço Em teus frios fios de dinheiro... Até podes acreditar Que sou tua marionete, Que controlas meu agir, Que comandas meu pensar, Que brincas com meu sentir... Até podes tentar te auto enganar, Mas minha alma não, Não tem preço, Não tem como comprar E nem manipular... Porque aonde tu não enxergas, E nem consegues alcançar, E a ninguém assaltar, Lá, ali, aqui, A minha Liberdade está! Fernanda Matos Exercício de Poesia no 4 - 16/04/2012

RESUMIDAS IMPRESSÕES: Os Estranhos Anões-Gigantes

Autor: Lauro Elme Ilustrações: Samuel Casal          Sinto-me presenteada quando leio um livro como este. Tão completo e bem encaixado e bem escrito e bem ilustrado. É um livro que fica na estante do meu coração.          Lauro Elme integrou o lúdico com a realidade, trazendo implícitas conclusões, de uma ordem naturalmente ética. Nada eu poderia esperar diferente. Nem a forma e as palavras que o autor usou e muito mesmo as ideias que ele semeou. Quero poder escrever como ele.          Lauro nos apresentou com concretude, sequencialidade e leveza, uma realidade, principalmente das grandes cidades: o mundo dos catadores de papéis, lixos, etc. Junto com o ilustrador Samuel Casal, aceitaram a pobreza e a velhice que enfeiam fisicamente uma pessoa e, contrastaram esses fatos com a interpretação abstrata e afetiva, trazendo à personagem ares de mistério que, após algumas páginas, revelaram-se em sabedoria, compaixão, magia, espiritualidade e solidariedade.          O autor também traz a rea

PORTA, ImPORTAnte, Me In PORTA, Minha PORTA

Aquarela - Fernanda Matos - Estudo de cores É perturbador pensar o quanto a significação que se dá a uma palavra ou objeto pode lhe trazer magia, curiosidade, gosto de algo bom, ou, pelo contrário, restrições, preconceitos, gosto de algo perigoso... Gosto do método de Associação Livre utilizado por Freud e por um monte de psicólogos de diferentes abordagens clínicas, inclusive eu. Nunca, formalmente, imaginei escrever um texto a partir da auto-brincadeira de associar palavras, apesar de sempre me permitir, enquanto escrevo, que as mesmas me cheguem aos dedos, livremente, confio nelas e gosto do que elas produzem. Hoje, acabei fazendo, mais propositalmente, o jogo da associação a partir do tema que me foi desafiado a escrever: Porta. E lhes descrevo sequencialmente o ocorrido durante o meu processo criativo.             Alguns dizem que porta vem do latim portus e significa local de passagem... Linda conceituação. E minha mente segue assim: Portus, Porthos, Aramis, três mosqueteiros, e

ViTorioso

Vi Teu rosto acanhado Vi Teu sorriso tímido e desejoso De se sentir um ser desejado De se fazer um ser precioso Vi Teu semblante contemplador Vi Teu olhar terreno e honroso De homem simples do interior De menino criado em berço glorioso Vi Tuas palavras não ditas De espanto diante do horroroso Vi Tuas frases engolidas De indignação diante do vaidoso Vi Tua escolha da hora certeira De proferir teu grito carinhoso Vi Tua defesa da própria fronteira De si e do outro espaçoso Vi Tua ansiedade Vi Teu credo esperançoso De justiça e de bondade De limitar o julgamento maldoso Vi Tua constante e discreta alegria Vi Teu coração corajoso De cantador de singela melodia De sonhador do universo harmonioso Vi Teu amor à vida, dia a dia Vi um menino crescendo formoso Vi Teu cotidiano transformar minha poesia Vi um homem se fazendo ViTorioso Fernanda Matos Exercício de Poesia no 3 - 09/04/2012

VELA a CASA das CORUJAS

             A Casa das Corujas era uma pequena casa, feita de madeiras e tijolos aparentes, com ares rústicos, que ficava dentro da mata avolumada, perto de um cristalino riacho e do que era considerado o maior habitat natural de corujas de várias espécies. A casa ficava, quase muito longe de tudo que poderia ser chamado de civilização. Não à toa, ela tinha o nome que recebeu. Menos à toa ainda, a residente da Casa das Corujas, não era uma mulher qualquer, era conhecida como a Encantadora de Corujas. Assim o era, porque na verdade, a mulher sempre tinha pelo menos uma coruja pousada em um dos seus ombros e, porque estava sempre conversando com as corujas, e estas a respondiam com presteza, simpatia e seus pios característicos, para alguns, até assustadores. Diziam, os da cidade, que duas vezes por mês, por volta da meia noite, vinham da direção daquela casa, grandessíssimos clarões e ensurdecedores barulhões. Uma das vezes, acontecia na enorme e iluminada lua cheia. A outra, inacred

Fio De Menina

Fia fia Amelinha. Fia o fio da alegria. Fia calma e sorridente. Fia a vida, a menina. Fita, fio a fio, a menina. Fio da vida, fia teu casulo. Fica paciente, Amelinha, Fia persistente, o teu fio. Fio do destino, afina. Fino fio de menina. Afia, finamente e firmemente, O fio o qual te fia, Amelinha. Fica firme no teu fio, Menina. Filtra, afia e afina, O fio da vida sutil e fina. Fia, Amelinha, fio a fio. Fia tuas asas. Afia tua alma. Confia Amelinha. Filma novas paisagens. Afia teu fio, menina. Amelinha, fita o teu fiar. No teu fio afinado e fino, Fica firme e livre voa. Confia. Com fé de menina que fia, fia, fia...              Fernanda Matos Exercício no 2 – História Infantil – 02/04/2012