Fotografia: Fernanda Matos O Louco, Da corte, o bobo, Vivia Da venda de alegria. Para o rei e a rainha rirem, Inventava coisa engraçada, Tirando sarro da vida desgraçada, Da miséria do povo pobre, Da mentira de todo nobre. O Louco, Como um ser oco, Fantasiava-se de palhaço, Sem nenhum embaraço. Fazia piadas Das tristes histórias humanas, De perdas desumanas, De quedas desastrosas, De surpresas horrorosas. O Louco, Longe de ser bobo, Sabia Da hipocrisia Do rei, da rainha e da nobreza, Que lhe compravam gargalhadas, Com moedas roubadas, Do populacho taxado Por impostos inadequados. O Louco, Longe de ser oco, Era um mascarado, Um justiceiro disfarçado. Suas graças eram apontamentos Dos aspectos mundanos, Das contradições do sagrado e do profano. Eram gritos silenciosos Dos seus próprios ferimentos dolorosos. Porque o Louco, Do povaréu nada bobo, Vendia reflexões, Diretamente aos patrõ