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Mostrando postagens de junho, 2009

SOLIDÃO DE PEDRA

Pablo Picasso, Fernande à la mantille noire (Fernanda com um lenço preto),  1905-1906 "Pedras, ilusões da minha infância; ilusões, pedras da minha adolescência". Lobivar Matos Solidão de Pedra. Sólida Pedra. Só. Pedra. Pé. Dra. Pé. Dá. Perda. No pé de uma estrada, havia uma pedra solidamente largada, no canto. Só, a pedra, nada dizia, tudo via: Uma Dra de passagem, cansada, do caminho só no lidão da vida, dá pé de suas perdas. E, caminha, sozinha. Nada dizia e nada mais via, exceto uma pedra, largada no canto da estrada. A Dra resolve parar e sentar. A pedra não resolve nada, já está parada e sentada. A Dra resolve parar de pensar. A pedra não resolve nada, já está parada e pensada. A dra não resolve nada, põe-se a chorar. A Pedra resolve parar de parar, põe-se a trocar. A dra de pedra parada e sentada, sente-se pedra, nada. A Pedra parada e sentada, faz-se Dra: Recebe da dra o seu peso, a sua rigidez, a sua solidão e a sua água. A dra de pedra sentada, recebe o calor da Pedr

ANJOS

  William-Adolphe Bouguereau: Le printemps  (O Regresso da Primavera), 1886 Anjos... Arcanjos... Gabriel, Miguel, Samuel, Lelahel, Hekamiah...El... Há muitos anos, quando ainda era uma menina, que não pensava em acreditar, apenas sentia: Um dia Na escola, uma peça de teatro, eu queria usar as asas de anjos, mas não podia, dinheiro meus pais não tinham. Restou a tristeza de não ter asas que se viam. E eu, esquecia, do que antes sabia: que asas de anjos não se compram, que as que se compram não são asas, não são anjos,pois anjos eu não os via, só sentia! Certo dia, já crescida, em corpo ao menos, no meio das massas, sem asas, eu alternava: vivia pensando, morria sentindo, e quando as mudanças já não mais podia não mudar, no meio das caixas, achei pequeninas asas, asas baratas de baratas em cima de um pequenino livro, livrinho de criança, não me lembro quem me deu, lembrei apenas das asas de quem nunca morreu: Anjos. Santo Anjo do Senhor, Meu zeloso guardador, Nasceu o meu filho, Inscreva

A viagem de Maria

Uma Experiência de Movimento com Pessoas com Poliomielite Maria Fux, em suas anDanças, fez um dos mais difíceis espetáculos de sua vida. Aconteceu num hospital com um grupo de pessoas com poliomielite, confinados em pulmões artificiais e cadeira de rodas. Ela soube que esse grupo tinha encontros com uma musicoterapeuta e uma psicóloga que aspiravam o resgate de vida além das máquinas e da imobilização. Um trabalho muito comovente, o qual Maria Fux sentiu vontade de conhecer e participar com algo seu: sua dança. Junto aos profissionais, médicos, psicóloga e musicoterapeuta, a bailarina aos poucos se inseriu no cotidiano daquelas pessoas até o dia do seu espetáculo. Era uma tarde muito especial para Maria Fux; ela se apresentaria num corredor de hospital diante de pessoas que não se movimentavam, algumas usariam espelhos para poder acompanhá-la, pois nem a cabeça poderiam mexer. Como era uma apresentação muito simples e ela estava muito angustiada, Maria Fux resolveu compartilhar tudo de

Pai e Mãe.

Para compreender melhor o texto, ressalto que ao se falar de mãe e pai, intenciona-se falar na verdade de arquétipo de mãe que rege a primeira fase do desenvolvimento humano, a fase matriarcal, e o arquétipo de pai que rege a fase seguinte, a do patriarcado. Isto quer dizer que uma mesma pessoa, mulher ou homem, mãe ou pai, pode em momentos distintos exercer as funções de mãe e de pai arquetípicas. Até porque todos contemos em potencial todos os arquétipos. Além disso, enfatizo que na regência de um arquétipo pode haver a influência do outro, porém sob o domínio do primeiro. Comecemos então... As mães sempre reinam antes dos pais. Quando uma criança é concebida, é no útero, alimentada e protegida e ali cresce até um limite, depois rompe com o paraíso do útero e nasce para outro paraíso, o do colo e seios maternos. Ainda é tempo de mãe, de aconchego, de nutrição, de segurança, onde a criança é dominada pelos instintos, havendo um estreito vínculo com a natureza e com o inconsciente. Est

MuDanças

MuDanças Muitas mudanças parecem barulhentas. Onde será o novo lugar? Precisará reformar? O que se deverá levar? O que ficará? O que se ganhará? O que se perderá? A obra nunca chega ao fim. O tempo de espera sempre se estende. E se gasta mais do que planejou. Móveis são arrastados para cá, pessoas gritam de lá... Muitas mudanças parecem barulhentas... Mas muitas destas começam silenciosas MudaDanças. MuDança. Muda. Dança. Mudança que Dança. Dança no silêncio dos mínimos movimentos. Movimentos oculares. Olhos mudos mudam seu fitar. Olhos mudos que dançam: piscam e repiscam; espremem-se, arregalam-se e giram; dão zoom, focam e desfocam. Novas formas e cores são assimiladas, mudadas. Olhos mudos dançam novos rumos, imperceptíveis, piscares de olhos. MuDança. Muda dança que dança. Muda a cabeça, que dança, curiosa e muda. Para esquerda, para direita, para baixo, para cima. Gira, integrando os contrários que dançam, Dança. Novas abstrações e concepções são formadas, mudadas. Cabeça e olhos