Nascido há sete anos, Sem ter sido batizado, Teve um duro cotidiano, Nas ruas onde foi abandonado. Sem escolha de uma boa moradia, Mesmo entre as pedras-apartamentos, Entre os homens-covardia, Insistiu em se manter nos bons sentimentos. De ruas em pedregulhos, De árvores urbanas à pedaços de mato, Seguia firme em seu orgulho, Sobrevivendo esperançoso e até grato. Às vezes dava moleza, E acabava sendo laçado. Nesses momentos sentia muita tristeza, Das maldades do mundo, dos trabalhos mais que pesados. Entre os bicos dos catadores de papel, E a sabedoria visceralmente adquirida, Fugia como um rápido e brilhoso corcel, E com a alma cada vez mais enriquecida. Mas teve um dia, que tudo foi diferente, Encontrou um menino como ele, sujo e sem algemas, Selvagem e Irreverente, Refém e fugitivo do infeliz mal-civilizado sistema. Menino também nascido há 7 anos, Batizado por Zé, Nas ruas do interior alagoano, Aonde foi largado a própria sorte e fé. Zé, de mão em mão, Foi crescendo catador e escra